O Pulsar da Revolução.Outubro 1973

4 Outubro
•Os capitães Morais da Silva e Gastão da Silva são agredidos em Lisboa por agentes da PSP. A participação do acontecimento é largamente difundida entre os oficiais e suscita um movimento de união entre eles para defender o prestigio do Exército.
 

6 Outubro
•Reunião quadripartida do Movimento nas casas de Rui Rodrigues, Mendonça Frazão, Ribeiro da Silva e Diniz de Almeida. Estão presentes delegados da quase totalidade das unidades e estabelecimentos militares, bem como da oficialidade em serviço em Angola, Moçambique e Guiné. Presentes ainda,  pela primeira vez e como observadores, representantes da Marinha e da Força Aérea. A discussão arrasta-se durante toda a noite e madrugada, com grande número de intervenções, perante as quatro alternativas então apresentadas:
1 - Pedir colectivamente a demissão de oficial do Exército.
2 - Ausentar-se do Serviço, mantendo-se fora do aquartelamento.
3 - Permanecer no Quartel ou Estabelecimento, sem desempenhar quaisquer funções. 
4 - Fazer, colectivamente, uso da força.
Tendo vencido a primeira alternativa, redigem-se dois documentos sem data (um apresentado colectivamente e um individualmente), entregues à Comissão do Movimento que os guardaria, com vista a posterior utilização, o que nunca se verificou, visto que os decretos não entraram em vigor. É elaborado um boletim informativo pela Comissão do Movimento. 
•Direcção de ex-cadetes envia uma carta aos companheiros das colónias, convidando-os a uma reflexão sobre a justificação dada pelas autoridades militares para apoiar os decretos. Pela primeira vez, num documento militar, põe-se em questão a guerra colonial.
 

7 Outubro
•Reunião do Movimento. Fica estruturada a sua orgânica interna com base nas seguintes comissões: Comissão Coordenadora, Comissão Consultiva, Comissão de Ligação e Comissão Ultramarina.
Decidiu-se ainda elaborar um ficheiro dos elementos do Movimento, constituir uma secção de apoio gráfico e organizar um dossier documental para eventual distribuição aos jornais.
 

12 de Outubro
•É enviada pela 1ª Repartição do Estado Maior do Exército a todas as unidades uma circular anunciando a decisão de estudar caso a caso a situação dos oficiais abrangidos pelos decretos, o que, na prática, representa a sua suspensão.
•É elaborada pela Comissão Coordenadora uma informação que procura suster a eventual desmobilização provocada pelas novas disposições governamentais.
 

20 a 25 de Outubro
•A Oposição Democrática aproveita o clima pré eleitoral para realizar acções públicas, nomeadamente, manifestações no Porto e em Lisboa e denunciar o que considera ser a próxima "burla eleitoral".
 

23 de Outubro
•É elaborado pela Comissão Coordenadora um documento em que se analisa exaustivamente todo o processo desencadeado pelos decretos e insiste na necessidade de se continuar a mobilização.
 

25 de Outubro
•Aparecimento de novo comunicado do Movimento, focando especialmente a realização de uma grande reunião em Luanda.
 

28 de Outubro
•Realizam-se eleições legislativas para a Assembleia  Nacional. O PCP e o PS estão coligados nas listas apresentadas pelo Movimento Democrático (CDE e CEUD), mas a Oposição Democrática desiste antes do acto eleitoral alegando ”inexistência de garantias  mínimas de seriedade”.
 

Ainda em Outubro
•São elaborados pelos oficiais na Guiné, dois importantes documentos para o processo reivindicativo.