Arquivo Fotográfico SAAL-1974/1976

Doação de Alexandre Alves Costa ao Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra

Vai realizar-se no próximo dia 18 de Outubro, terça-feira, pelas 17h30, no Arquivo da Universidade de Coimbra a essão de apresentação pública e de formalização da doação ao Centro de Documentação 25 de Abril do arquivo fotográfico sobre o SAAL, de cerca de 3.250 fotografias, que pertenceram até agora ao Arquiteto Alexandre Alves Costa.

 

A sessão contará com as intervenções de Rui Bebiano, Director do CD25A, e de José António Bandeirinha  em representação do DARQ - Departamento de Arquitectura da UC. Segue-se uma apresentação comentada de imagens em que o arquitecto Alexandre Alves Costa - que integrou a Comissão Coordenadora do SAAL/Norte fará o historial do Processo SAAL e contexualizará a coleção agora doada à UC.

 

Nota biográfica do doador
Alexandre Alves Costa nasce em 1939, no Porto. Depois de estagiar no Laboratório de Engenharia Civil, com Nuno Portas, diplomou-se em Arquitectura, pela Escola Superior de Belas-Artes do Porto, em 1966. Foi colaborador de Álvaro Siza e prestou serviço na Câmara Municipal do Porto. Docente desde 1972 nas áreas de Projecto e da História da Arquitectura, foi Professor Catedrático na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP) . Foi um dos fundadores do ensino da Arquitectura na Universidade de Coimbra e Professor Catedrático Convidado no Darq. Foi membro da Comissão Instaladora do Curso de Arquitectura da FAUP e Director do Curso de Arquitectura da Universidade do Minho. A seguir ao 25 de Abril, integrou a Comissão Coordenadora do SAAL/Norte. “Adviser” da delegação oficial de Portugal à Conferência das Nações Unidas sobre Estabelecimentos Humanos – HABITAT, Vancouver, Canadá em 1976. Tem bibliografia publicada em revistas da especialidade como Lótus International, 9H, Wonen Tabk, Casabella, Architecti, JÁ-Jornal Arquitectos, Estudos/Património. Membro do Conselho Editorial do Boletim da Universidade do Porto e da revista Monumentos da Direcção Geral dos Edíficios e Monumentos Nacionais, integrou o Conselho Editorial da JA-Jornal Arquitectos da Ordem dos Arquitectos, de 2000 a 2004. Exerce a profissão liberal, desde 1970, com obra construída, quase totalmente publicada.

 

Sobre o Processo SAAL

O SAAL foi um programa estatal para o realojamento de populações de baixos rendimentos, lançado logo após o 25 de Abril por Nuno Portas, então Secretário de Estado da Habitação.

Para a grande maioria da população o objetivo do 25 de Abril foi o de construir a felicidade “já”, como alicerce da sua perenidade futura Os moradores pobres, sendo protagonistas assumidos desse processo de construção, tiveram consciência plena de que, para fazerem a cidade, deveriam começar pelas casas e que estas deveriam ser para todos, numa nova Pátria de que lançavam as fundações.

Por isso o SAAL foi como começar pelo princípio de todas as coisas.

(...) Alexandre Alves Costa,  Setembro 2022

 

"O programa SAAL foi lançado logo em 2 de agosto de 1974 por um despacho de Nuno Portas, durante quase onze meses secretário de Estado da Habitação e do Urbanismo. Não tinha quaisquer precedentes. Sob dependência do Fundo de Fomento da Habitação, constituíram-se brigadas multidisciplinares (arquitetos, sociólogos, geógrafos, etc.) que trabalhavam diretamente para os moradores organizados, verdadeiros clientes coletivos em situação de afirmação revolucionária. Tratava-se de um programa de facto radical, assente numa conceção da intervenção urbanística situada a milhas tanto do planeamento tecnocrático para pobres imposto aos moradores e à paisagem com extrema dureza, como do próprio planeamento de esquerda tradicional (os bairros e conjuntos de habitação subvencionada projetados com as melhores das intenções, pouco dinheiro e mui tos preconceitos de desenho), em que persistia «a tradição discipli- nar do movimento moderno, resistente ao contágio das alterações dos processos de produção do alojamento», com utentes tratados como «categorias abstratas-". Com o SAAL, pelo contrário, o arquiteto devia discutir e decidir diretamente com os utentes."

A revolução com um grão de SAAL / Paulo Varela Gomes in História da Arte Portuguesa: vol. 3. Lisboa: Círculo de Leitores, 1995, p. 560-566. Republicado em  Operações SAAL: vol 4 vol. Lisboa:Tinta da China 2022,  p. 11-21.